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Sobre o show, amanhã,11, em Barreiras, Caetano Veloso diz: “É sempre um grande desafio cantar frente a um público novo”

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Nesta entrevista, Caetano Veloso fala sobre o show inédito que fará amanhã, 11, em Barreiras, e o entusiasmo e a curiosidade de conhecer e cantar pela primeira vez na cidade

01Com a indicação ao Grammy Latino deste ano, e sucesso na turnê internacional, onde acaba de voltar dos Estados Unidos, Caetano Veloso chega em grande estilo para se apresentar amanhã, 11, em Barreiras. Pela primeira vez na cidade, o cantor baiano se diz entusiasmado e, ao mesmo tempo curioso, com a apresentação inédita em Barreiras. Com uma turnê com capacidade para encantar os mais diversos públicos, Caetano Veloso afirma que, durante o show em Barreiras, vai cantar as músicas do seu último álbum Abraçaço, lançado em 2012, e também as suas famosas canções dos anos 60, 70 e 80.

Além do entusiasmo e desafio de se apresentar para a platéia de Barreiras e região, nesta entrevista, Caetano fala mais sobre o show de amanhã, 11, que mistura o indie pop contemporâneo do Rio de Janeiro com a Tropicália. Ele também fala sobre o estilo musical que o consagrou, na década de 70. O show promete ser a maior atração musical e cultural do ano para Barreiras e região. As entradas ainda estão à venda. Camarote, com direito a água, refrigerante e cerveja custa R$ 100,00; e as mesas localizadas na parte frontal do palco, variam entre R$ 150 e R$ 250,00. Informações e vendas de mesa e ingressos: (77) 3612 8443 / (77) 8801 3035. Não percam!

1. Esta é a primeira vez que o sr. se apresentará em Barreiras. Por ser uma cidade baiana, mas com costumes e traços culturais bem diferentes de Salvador, pode considerar um grande desafio se apresentar para o público na cidade?

CV – É sempre um grande desafio cantar frente a um público novo. O que mais me atrai no caso de Barreiras é conhecer uma cidade baiana de que tanto já ouvi falar e que, por ficar no extremo Oeste, tem características distintas das do litoral, de onde eu venho. Sou da foz do rio Subaé, na Baía de Todos os Santos. Estar numa parte do estado da Bahia quase colada a Tocantins (antigamente dizíamos: Barreiras fica quase em Goiás) excita minha curiosidade.

2. O sr. acabou de vir de uma turnê internacional. Qual foi a receptividade, e qual a diferença para o público brasileiro? É o mesmo sentimento que espera em Barreiras?

CV – As turnês na Europa e nos Estados Unidos foram muito boas. Esse show “Abraçaço” tem tido, não sei por quê, a capacidade de agradar a públicos muito variados, tanto no Brasil quanto no exterior.

3. O que os fãs e o público barreirense podem esperar do show? Alguma novidade ou adaptação para o show na cidade?

CV – Quando lanço um show, mantenho a estrutura que ele teve desde a estréia. Em “Abraçaço” há canções do disco de mesmo nome, lançado em 2012, e algumas canções dos anos 1960, 1970 e 1980. Mudanças há, ao longo do tempo, mas são pequenas. A estrutura permanece a mesma. Em qualquer lugar do mundo aonde eu vá.

4. Ainda pedem para cantar os seus principais sucessos? Há espaço para essas músicas no seu show?

CV – O show é novo, mas canto alguns sucessos antigos.

5. O álbum Abraçaço traz uma referência do indie pop contemporâneo do Rio de Janeiro e da tropicália da década de 70. Como tentar fundir duas experiências temporais tão diferentes e tentar agradar o público tradicional ao mesmo tempo que arregimenta um público jovem e atual?

CV – Sempre faço o trabalho que sinto a necessidade de fazer. O público reage como lhe for natural. Há décadas que componho e canto, tanto em estúdios como sobre palcos. Nunca me preocupei especificamente com maneiras de agradar o público. Mas tenho tido, ao longo dos anos, uma relação muito viva com as platéias. Uma canção do disco Transa, dos anos 70, em geral agrada mais a pessoas muito jovens do que às da minha geração. Já uma canção tropicalista, dos anos 60, interessa tanto aos mais velhos quanto aos mais novos. Uma canção nova, longa e lenta, com conteúdo político na letra, tende a agradar mais a adultos do que a adolescentes. Assim, vai-se criando um diálogo entre palco e platéia que termina envolvendo todo mundo. A não ser que haja alguma rejeição preconcebida contra a música que faço (o que neste momento de minha carreira não tem sido o caso), esse diálogo é estimulante e agradável.

6. É inegável a contribuição musical dos novos baianos e da tropicália para a música contemporânea. Onde , em qual ritmo ou gueto musical, consegue sentir viva a presença dessa sonoridade embora esteja mistura a tantas outras?

CV – Tanto o nosso trabalho tropicalista dos anos 1960 quanto o dos Novos Baianos, dos anos 1970, contribuíram muito para a formação de estilos nas gerações subsequentes. Costumo dizer que a Tropicália produziu mais consequências do que influenciou. Vejo isso quando testemunho reações não preconceituosas ao funk carioca, à música sertaneja, à axé music, ao forró ou ao neo-pagode. O tropicalismo foi fundamental para quebrar o preconceito contra o rock e contra outras formas de expressão consideradas, à época, vulgares, mas que estavam cheias de energia histórica. E acho que isso abriu espaço na cabeça das pessoas para receber essas novas formas.

7. Existe uma forte crítica de que a música considerada autoral e artística não consegue se sobrepor ao que é produzido pela indústria fonográfica nacional, em termos de quantidade de discos vendidos, shows e downloads baixados. Como se posicionar dentro desse mercado? Ou o seu estágio de carreira, não existe essa preocupação?

CV – Sempre fui desencanado quanto a essa questão. Porque sempre quebrei paredes que separavam essas áreas de criação. Acho que no Brasil a música considerada artística tem tido, ao longo do tempo, grande receptividade popular. E, por outro lado, a produção mais abertamente comercial tem exibido grande força artística. O que importa é que os gestos estéticos tenham energia.

Serviço:
Show Abraçaço com Caetano Veloso
Data: 11 de outubro de 2014
Local: Bartira Fest
Informações e ingressos: (77) 3612 8443

Hebert Regis | Nádia Borges | Araticum

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