Viver Melhor
Corpos mutantes?
No ensaio intitulado “Uma estética para corpos mutantes”, o professor Dr. Edvaldo Souza Couto aborda a questão da incidência das tecnologias sobre o corpo humano neste século XXI. O autor pondera que na atualidade se constitui uma urgência a eliminação de qualquer insatisfação física e mental.
Segundo ele, vivemos um novo estilo de vida: o culto ao corpo corresponde a uma nova visão tecnocientífica, onde a sofisticação das máquinas passa a ter influência no corpo que deve ser turbinado, atendendo, assim, às demandas de liberdade e prazer como uma nova perspectiva da atualidade. O desejo de uma saúde perfeita, da juventude e beleza ganhou um destaque especial nos meios científicos e artísticos, na mídia, em todas as esferas do nosso cotidiano. Não aceitando a finitude da vida, a obsessão contra o envelhecimento e morte passa a ser uma preocupação alucinada do ser humano.
O autor afirma que a expectativa de vida que era de 33 anos passou para 70, sendo que alguns países, como Japão, já passa dos 80 anos.
Enfatiza, ainda, que com os avanços da robótica e da biotecnologia se articularam com o desejo do ser humano da imortalidade chegando ao interior do corpo através dos implantes artificiais que ganham espaço, através das experiências bem sucedidas, com o uso de mãos, braços, pés, pernas e olhos, ouvidos eletrônicos que proporcionando a inteireza orgânica perdida por intermédio de doenças ou acidentes, devolvem novas potências e performances corporais, garantindo novas eficiências. Portanto, o corpo se tornou integrado com as tecnologias de ponta e o destino certo das máquinas com a introdução de nanoobjetos na estrutura física integrando ou substituindo órgãos, o “corpo ciborgue” seria o novo upgrade da espécie humana. Elaborar, dinamizar e alimentar os corpos mutantes corresponderia às funções úteis da biotecnologia. A ampliação do corpo pelas próteses biotecnológicas desenha a nossa super-humanidade, aquilo que Sibilia (2002) chama de pós-orgânico e Santaella (2003) de pós-humano conforme assevera o autor.
Defende, ainda, que os avanços da engenharia de tecidos e as novas mutações corporais incrementam as cirurgias com o uso das células-tronco que podem se transformar em qualquer outra célula, dividem-se em dois tipos: embrionárias (encontradas em embriões humanos com até cerc a de cinco dias após a fecundação) e adultas, que têm menor capacidade de formar tecidos, correspondem a um avanço da engenharia de tecidos e as novas mutações corporais.
Segundo o autor, existe uma exploração comercial na atual valorização do corpo humano, o seu aperfeiçoamento a boa forma, a beleza, e ao vigor físico e mental. Portanto, o corpo passou a ser o lugar perfeito para todo tipo de experimento da biotecnologia da economia e o principal objeto de consumo no capitalismo avançado. Surgindo o mercado do corpo a partir das ideias de uma estética para esses seres mutantes que enfatizam a celebração, a valorização do corpo projetado e corrigido pelas técnicas e comercializado no varejo, sendo assim, digno de valor e celebração, socialmente aceito, integrado e aclamado, como exemplos a serem copiados. Esta nova perspectiva leva inevitavelmente as pessoas não aperfeiçoadas pelas próteses eletromecânicas, químicas ou genéticas a serem vistas como inferiores.
O autor relaciona os avanços da robótica, da engenharia genética e a informática com as novas demandas de mercado com relação a nova estética para os corpos perfeitos, saudáveis, exuberantes, sempre jovens, dinâmicos e belos, ou seja, “os corpos dos super-humanos”. A questão é se colocar criticamente diante desse novo contexto de possibilidades de “ser mutante e mutável” a atender as necessidades do ser humano em sua luta incessante contra a finitude da vida, como também, experimentar esta nova perspectiva no sentido de efetuar grandezas afirmativas, ao mesmo tempo sendo crítico às necessidades do capital e sua nova demanda de exploração desse nova estética corporal. Portanto, os avanços tecnológicos chegam de forma decisiva interagindo com os corpos a serviço do capital a partir de uma nova estética.
Diante do exposto, é preciso o olhar crítico dessa interação reconhecendo, também, suas contribuições para a melhoria da vida do ser humano e não se deixar levar pelos encantos alienados dessa nova estética mutante e mutável e reconhecer os avanços numa perspectiva de um mundo melhor para a vida das pessoas. O ensaio é pertinente, engenhoso e atual e merece ser debatido na sociedade.
Maria do Carmo Gomes Ferraz
Mestranda da FACED – UFBA
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Flavio Morais Leite
10 de dezembro de 2013 às 10:55
Os deuses do olimpo tinham corpos esbeltos e esculturais,essa geracão coca-cola tinha mais è procurar o que fazer e não ficar a merce do bisturi como forma de ilusão óptica na busca do seu marco ilusório.