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Vida e Saúde

OMS autoriza tratamento experimental contra o vírus ebola

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Estadão Conteúdo | Correio da Bahia

Segundo dados da organização, a doença já registra 1.013 óbitos até agora em Guiné, Serra Leoa, Libéria e Nigéria

Padre católico Miguel Pajares contraiu o vírus Ebola, foi tratado e morreu | Foto: Ministério da Defesa da Espanha/AFP

Padre católico Miguel Pajares contraiu o vírus Ebola, foi tratado e morreu | Foto: Ministério da Defesa da Espanha/AFP

A Organização Mundial da Saúde (OMS) aprovou nessa terça-feira, 12, o uso de tratamento não homologado em alguns pacientes infectados pelo vírus ebola na África. A decisão foi tomada na manhã desta terça-feira, 12, quando foi anunciado também que a doença já superou a barreira de mil pessoas mortas.

Para tanto o governo americano acertou com o governo da Libéria o envio de doses do soro que serão administradas em dois médicos liberianos infectados pelo vírus e voluntários para o uso de Zmapp. A decisão foi tomada pelos 12 membros do Conselho de Ética Médica da OMS, que abriram uma exceção o tratamento experimental diante da extensão da epidemia de ebola na África Ocidental.

Segundo dados da organização, a doença já registra 1.013 óbitos até agora em Guiné, Serra Leo a, Libéria e Nigéria, dentre um total de 1.848 contaminados. Diante de tamanha mortalidade, os experts da OMS – originários de 10 países – aceitaram acelerar o processo de aprovação dos testes, embora ainda haja dúvidas sobre a eficiência do tratamento, até aqui restrito apenas aos EUA. Para tanto, porém, algumas condições precisarão ser preenchidas.

“Uma transparência absoluta quanto aos cuidados, um consentimento informado, liberdade de escolha, confidencialidade, respeito à pessoa, preservação da dignidade e implicação das comunidades” foram os critérios apresentados pela OMS em comunicado publicado após a reunião. Além disso, as equipes que utilizarem o medicamento terão de “coletar e compartilhar os dados sobre a segurança e a eficiência” do soro.

A organização também prometeu divulgar até o final de agosto uma lista de recomendações sobre o uso da droga. Por ora, crianças, mulheres grávidas e médicos e enfermeiros devem ser poupados do tratamento, em razão dos efeitos colaterais desconhecidos no organismo.

Três tipos de anticorpos, antiretrovirais e duas vacinas produzidos pela companhia americana Mapp Biopharmaceutical estão autorizados, sintetizados em um medicamento o ZMapp. Essa droga foi autorizado nesta terça pela OMS. Outro tratamento, o TKM-ebola, de fabricação canadense e autorizado para testes nos Estados Unidos, ainda não foi liberado.

“Estes tratamentos, que em sua maioria só foram testados em macacos, mostraram uma boa eficiência”, explicou Marie-Paule Kieny, diretora-adjunta da OMS, referindo-se ao ZMapp. “Isso gera grandes esperanças para o homem”, completou.

Dois pacientes tratados nos Estados Unidos com o medicamento resistem até aqui, mas o padre espanhol Miguel Pajares, internado em Madri desde a semana passada, morreu nesta terça em decorrência da infecção que contraíra na Libéria, mesmo tendo recebido doses do soro. Até pelos resultados alcançados até aqui, Marie-Paule Kieny pediu prudência nas expectativas. “O ebola não pode, até aqui, ser tratado. Os únicos métodos credíveis são o isolamento dos doentes, a quarentena de seus próximos, e a limitação dos deslocamentos a zonas de risco”, explicou.